Pais de homem que morreu por suspeita de intoxicação por bebida com metanol relatam dor da perda e surpresa: ‘Aconteceu muito rápido’
Morte por suspeita de metanol emite alerta e mobiliza fiscalização na Paraíba Os pais de Rariel Dantas, de 32 anos, que morreu no sábado (4), em Campina Gra...

Morte por suspeita de metanol emite alerta e mobiliza fiscalização na Paraíba Os pais de Rariel Dantas, de 32 anos, que morreu no sábado (4), em Campina Grande, por suspeita de intoxicação após consumo de bebida adulterada com metanol, lamentaram a perda do filho e relataram os últimos momentos antes da internação. “Não [dava pra imaginar], de jeito nenhum, porque aconteceu rápido, muito rápido, e fica uma situação de saudade”, disse o pai, Manuel Pereira, à TV Paraíba, 📱 Baixe o app do g1 para ver notícias do PB em tempo real e de graça Rariel Dantas, de 32 anos, morreu Reprodução / Redes sociais A mãe, Rosilene Dantas, relatou que o filho demonstrou consciência do mal que o álcool estava lhe causando e chegou a prometer que abandonaria o consumo, caso conseguisse se recuperar. “A gente conversava direto [com ele], todo dia dentro de casa [para parar com o consumo de bebida alcoólica], mas ele bebia. Tinha controle não. Era muito bom filho. Deu muita tontura, vomitou muito, ardor no estômago. Ele me disse: ‘mãe, se eu escapar dessa, não quero mais saber de bebida’. Eu disse: ‘muito bem, meu filho, queira não, queira mais estar bebendo não, porque bebida está lhe ofendendo’”, relatou Rosilene. O pai, Manuel Pereira, lembrou que sempre aconselhava o filho a abandonar o consumo de bebidas alcoólicas e descreveu a cena de quando precisou carregá-lo nos braços até o carro, ao perceber a gravidade da situação. “Dei muitos conselhos para ele [parar com o consumo de bebida alcoólica], e quando aconteceu esse caso fazia mais de 15 dias que ele estava sem beber. Eu notei uma reação muito difícil depois que ele bebeu essa bebida. Na quinta à noite ele teve uma crise de vômito, eu vi ele esmorecendo. Eu levei ele para o carro nos braços, porque ele não estava em condição de ir [andando sozinho], a bebida estava destruindo. Só Deus na causa”, desabafou o pai da vítima. Hospital de Emergência e Trauma de Campina Grande Governo da Paraíba/Divulgação Rariel Dantas morreu no Hospital de Emergência e Trauma de Campina Grande neste sábado (4), após três paradas cardiorrespiratórias. Ele havia sido internado inicialmente no Hospital Regional de Picuí e transferido para Campina Grande, mas não resistiu. Segundo o secretário estadual de Saúde, Ari Reis, Rariel havia consumido bebidas alcoólicas nos últimos três dias e apresentava sintomas compatíveis com intoxicação por metanol. O corpo do homem foi encaminhado ao Instituto de Polícia Científica (IPC) de Campina Grande, onde foram coletados materiais para análise. O corpo de Rariel já foi liberado e deve chegar a Baraúna ao longo deste domingo (5), sendo previsto o sepultamento ainda na tarde deste domingo, no cemitério público da cidade. LEIA MAIS: Pesquisadores da UEPB criam método para identificar metanol em bebidas É seguro beber cerveja, vinho ou chope? Entenda o que considerar antes do consumo para evitar o metanol Metanol em bebidas alcoólicas: veja o que se sabe até agora sobre casos de intoxicação Como foi o atendimento médico ao paciente Paraíba investiga caso suspeito de intoxicação por metanol no estado TV Globo/Reprodução A enfermeira Raiane Dantas, coordenadora da atenção básica do município de Baraúna, explicou à TV Paraíba que a vítima deu entrada na unidade de pronto atendimento da cidade com sintomas que, inicialmente, indicavam apenas embriaguez. Segundo ela, os sinais mais consistentes de possível intoxicação por metanol foram a dor abdominal e os episódios de vômito persistentes. “Ele deu entrada na unidade de pronto atendimento e foi atendido com sintomas de embriaguez. De contaminação de metanol, ele só apresentou dois sintomas, que foi a dor abdominal e episódios de vômito constante. Ele foi atendido, estabilizado, não apresentava nenhum sinal de gravidade, todos os sinais normais, mas uma dor que persistiu mesmo após a medicação. Então, o que aconteceu? A enfermeira que estava de plantão regulou o paciente pro Hospital Regional de Picuí. Lá em Picuí, ele evoluiu com sinais de gravidade, complicou e teve rebaixamento do nível de consciência, precisou ser entubado, foi encaminhado para UTI e da UTI transferido para o Trauma de Campina Grande”, explicou Raiane. A profissional ressaltou ainda que o homem era usuário frequente de bebidas alcoólicas e havia ingerido a mesma bebida por dias seguidos, estimativa confirmada também pelos pais da vítima e pela SES-PB. “Ele era um alcoolista, lutava contra isso. Ele tinha um uso de álcool constante, tanto é que ele estava bebendo, segundo o relato dos familiares, há três dias seguidos, sem se alimentar. Durante esses três dias, quando ele deu entrada aqui no pronto atendimento, além dele, outras pessoas aqui da região também apresentaram um tipo de sintoma. Outras três pessoas, por coincidência ou não, utilizaram a mesma cachaça, mas em ambientes diferentes”, explicou a enfermeira. Operação interdita depósito de bebidas e encontra frascos reutilizados Após a morte com suspeita de intoxicação por bebida adulterada com metanol, a Polícia Civil e a Agência Estadual de Vigilância Sanitária (Agevisa) realizaram, no sábado (4), uma operação em Baraúna. Durante a ação, a Agevisa interditou um depósito de bebidas que funcionava sem certificações, onde também foram encontrados frascos com indícios de reutilização. Diversas bebidas foram recolhidas, sendo uma parte dessas bebidas encaminhada para o Instituto de Polícia Científica (IPC), que fará exames periciais, e parte levada pela Agevisa. A Polícia Civil informou que deve divulgar em breve a estimativa da quantidade de bebidas apreendidas. De acordo com a delegada Nercília Dantas, o responsável pelo depósito era quem distribuía as bebidas na cidade. Ele foi ouvido na delegacia. Laudo sobre morte deve sair em 48 horas Secretaria de Estado da Saúde da Paraíba (SES-PB) TV Cabo Branco/Reprodução O laudo sobre a morte de Rariel Dantas deve sair em até 48 horas. A informação foi confirmada pela Secretaria de Saúde da Paraíba. Contando com a data de quando a informação foi divulgada, o laudo deve ser liberado nesta segunda-feira (6). O secretário de Saúde, Ari Reis, detalhou que as análises vão identificar se há substâncias associadas à intoxicação e que já há previsão de agenda na segunda-feira (6) na SES para esclarecer o caso. “As primeiras amostras deste paciente foram coletadas com a presença do IPC (Instituto de Polícia Científica). Elas seguem para análise, que vai medir se existem substâncias associadas à intoxicação. Esperamos que o laudo seja emitido em até 48 horas e já temos previsão de uma agenda na próxima segunda-feira na SES para elucidar o caso”, disse. O paciente havia consumido bebida alcoólica nos últimos três dias. Inicialmente, ele foi internado no Hospital Regional de Picuí e, posteriormente, transferido para o Hospital de Emergência e Trauma de Campina Grande, onde não resistiu após três paradas cardiorrespiratórias. Caso de Rariel é o primeiro em investigação da Paraíba Morte por suspeita de metanol emite alerta e mobiliza fiscalização na Paraíba O caso da morte de Rariel Dantas é o primeiro suspeito de intoxicação por metanol investigado na Paraíba. Em nota, a Secretaria de Saúde informou que todas as medidas previstas nos protocolos clínicos foram aplicadas, entre elas o uso de um antídoto específico, mas o paciente teve piora no quadro e não resistiu. O órgão também criou um grupo de trabalho com a Agevisa, Procon Estadual, Polícia Civil, Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e Centro de Informação e Assistência Toxicológica (CIATOX–JP) para intensificar a fiscalização e o monitoramento de possíveis bebidas alcoólicas adulteradas no estado. A Secretaria de Saúde (SES-PB) comunicou o episódio aos serviços de vigilância em saúde pública e reforçou o alerta para evitar o consumo de bebidas de origem desconhecida. A recomendação é procurar atendimento médico imediato em casos de sintomas como náuseas, vômitos, dor abdominal, alterações visuais ou desorientação. Vídeos mais assistidos do g1 Paraíba